segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Falar sobre o Romance da Raposa...





"Havia três dias e três noites que a Salta-Pocinhas - raposeta matreira, fagueira, lambisqueira - corria os bosques, farejando, batendo ma-to, sem conseguir deitar a unha a outra caça além duns míseros gafanhotos, nem atinar com abrigo em que pudesse dormir um soninho descansado."

É desta forma sugestiva que o escritor português Aquilino Ribeiro inicia a sua versão de O Romance da Raposa (edição da Bertrand), clássico juvenil que se encontra editado com ilustrações de Benjamin Rabier. E é no registo da fábula bucólica descomprometida, aligeirada por diálogos típicos da Beira Alta natal (o escritor nasceu na aldeia de Carregal, em 1895) que a obra fez história a partir da misteriosa raposa, nascida e criada vários séculos antes desta publicação.

Tal como o percurso sinuoso da raposa Salta-Pocinhas pelo bosque, a origem desta história não é consensual, mas sabe-se que a personagem surgiu entre os séculos XII e XIII e é um dos primeiros exemplos de uma figura reincidente nos contos de tradição oral que transitou para as páginas dos primeiros livros populares na Idade Medieval. Le Roman de Renart (título original de O Romance da Raposa) não apareceu primeiro como prosa literária compilada por um escritor célebre. Foi antes produto de múltiplos versos octossilábicos que monges copistas produziram como forma de usar o comportamento arisco de animais para, daí, dar lições de moral e bons costumes a um povo analfabeto a essência da fábula.

Após uma contextualização em torno do Romance da Raposa, explorado em aula com a docente Helena Camacho, apresentamos uma breve descrição em relação às formas verbais utilizadas na série televisiva, as suas categorias da narrativa, as suas características e as personagens intervenientes.
Deste modo, começaremos primeiramente por analisar a linguagem que é utilizada, que se revela bastante adequada ao público alvo (crianças dos 5 aos 9 anos aproximadamente)...

Reparámos nas formas verbais que eram utilizadas: "deitai" "segurai", com toda uma musicalidade ao longo de toda a história.

Para além disso, verificámos que, em relação às categorias da narrativa, estas histórias possuiam um princípio, desenvolvimento e uma conclusão que apresentava sempre uma mensagem/moral, com o intuito de aconselhar as crianças em diferentes vertentes. Estas fábulas tem como objectivo incutir valores de formação cívica.

A fábula tem várias personagens: A Raposa "Salta Pocinhas"; O Lobo; O Corvo que faz de narrador e que, ao longo das histórias faz juízos de valor das outras personagens, sendo bastante importante, entre tantas outras personagens.

Contém ainda um espaço que não varia muito de história para história - A Floresta.
Tem, igualmente, um espaço temporal, uma acção e um diálogo constante entre as diferentes personagens.

A partir da visualização de uma das histórias, em contexto sala de aula, poderão ser feitas imensas actividades com os alunos do 1º ciclo. Ou seja, algumas questões referentes às personagens e à sua caracterização, à história em si, ao espaço envolvente, ao tempo e à linguagem verificada na mesma.

Após algum diálogo, reflexão e actividade escrita - treinando a oralidade, a memória, a linguagem escrita - poderá proceder-se a actividades a nível artístico, isto é, artes plásticas que podem aprofundar conhecimentos já explorados anteriormente, acerca da história, de uma forma lúdico-didáctica.
Acompanhem estas fantásticas fábulas! Aconselhamos vivamente!

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